segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

P1 - Breve historial da CART 2732 - Mansabá/Guiné, 1970-1972

Mansabá 1970/72

Guiné

Região do Oio


Texto de Carlos Vinhal (ex-furriel miliciano)

Adaptação de Inácio Silva (ex-1.º cabo)

A 13 de Abril de 1970, no porto do Funchal, a CART 2732 embarcou no navio ANA MAFALDA, com destino à GUINÉ, onde desembarcou a 17 de Abril de 1970.

A CART2732 foi constituída em 23 de Fevereiro de 1970, tendo como Unidade Mobilizadora a BAG 2, sita no Pico de S. Martinho, no Funchal, Ilha da Madeira.

A sua concentração fez-se na Posição Fortificada do Palheiro Ferreiro, destacamento daquela Unidade.
A maior parte do seu pessoal era originário da Ilha da Madeira, com excepção dos Oficiais, Sargentos e Praças Especialistas.

Em 7 de Abril de 1970, a CART2732 recebeu o seu Estandarte. No dia 13 de Abril realizou-se no Cais do Porto do Funchal a cerimónia de despedida da Companhia. Ao acto estiveram presentes o Governador do Distrito Autónomo do Funchal, Coronel Braancamp Sobral e o Comandante Militar da CTI da Madeira, Brigadeiro Nascimento.

A CART 2732, sob o comando interino do Alf. Mil. Art. Manuel Casal, embarcou nesse mesmo dia, cerca das 12H00, no navio Ana Mafalda, que largou, pouco depois, com destino à Guiné.

No cais ficou uma multidão de populares, familiares e amigos dos militares, que ali se deslocaram para assistirem à cerimónia de despedida, embarque e partida da Companhia. A CART2732 desembarcou no cais de Bissau pelas 16H00 do dia 17 de Abril de 1970, ficando alojada em tendas de campanha no Depósito de Adidos.

No dia 20 de Abril realizou-se a parada de apresentação da Companhia ao Comandante-Chefe do CTI da Guiné, General António de Spínola. Na manhã do dia seguinte, seguiu para Mansabá [entre Mansoa e Farim, na região do Oio], onde chegou cerca das 13H00, para render a CCAÇ 2403. Neste mesmo dia, Mansabá foi flagelada pelo IN com morteiro 82 e armas ligeiras, causando 16 feridos na população. Assim estava consumado o baptismo de fogo.

A CART 2732 ficou administrativa e operacionalmente dependente do BCAÇ 2885, sediado em Mansoa. Por sua vez a minha Companhia ficou com o Pel. Caç. Nat. 57; o Pel. Art. 21; o Pel. Mil 253; 1 Esquadra de Morteiros 81 e 2 AML Daimler, como adidos. A Companhia ficou com uma ZA de aproximadamente 1036 Km2.

No dia 22 de Abril de 1970 assumiu o Comando da CART 2732 o Capitão de Inf Carreto Maia, ex-comandante da CCAÇ 2403, em substituição do Capitão Prego Gamado que tinha dado baixa ao HMP [Hospital Militar Principal] antes do embarque no Funchal.

No dia 20 de Junho de 1970 a CART passou a ser comandada pelo Capitão de Art José Maria Belo para substituir o Capitão Carreto Maia que tinha terminado a sua Comissão de Serviço na Guiné. Em Setembro de 1970 o Capitão José Maria Belo deu baixa ao HMP.

Em Outubro de 1970 assumiu o comando da Companhia o Capitão de Art Domingos Alberto Pinto Catalão que por sua vez baixou ao HM241 em Fevereiro, Março e Junho de 1971. Em Agosto de 1971 foi evacuado definitivamente para o HMP.

Em 11 de Novembro de 1970 a CART 2732 deixou de pertencer ao BCAÇ 2885, passando a estar integrada no Comando Operacional n.º 6, reactivado pela necessidade da construção da estrada Mansabá-Farim. O COP6 ficou instalado em Mansabá e a CART apoiou, fornecendo todos os meios logísticos necessários à sua operacionalidade.

Em Outubro de 1971 assumiu o comando da CART o Capitão Mil Armando Vieira dos Santos Caeiro. Na ausência de capitães, o comando da Companhia foi sempre assegurado pelo Alf Mil Art Manuel Casal.

Em 17 de Janeiro de 1973, a CART 2732 completou 21 meses de Comissão na Guiné. E em 21 desse mês, completou 21 meses de permanência em Mansabá.

No dia 8 de Fevereiro de 1972 começou a rendição pela CCAÇ 2753, pelo que 2 Gr Comb da CART2732 partiram para Bissau. No dia 23 de Fevereiro os 2 últimos Gr Comb da CART deixaram Mansabá com destino a Bissau.

No dia 19 de Março de 1972, cerca das 18H00, um avião da FAP partiu do aeroporto de Bissau levando a bordo a CART2732 com destino a Lisboa, onde chegou cerca das 23H30. Os militares da Ilha da Madeira seguiram no dia seguinte para o Funchal.

É nossa obrigação lembrar a memória daqueles que partiram do Funchal e que não regressaram connosco.

São eles:
Alf. Mil.º Art.ª MA Couto que em 6 de Outubro de 1970 foi vítima do rebentamento de 1 mina A/P;
Soldado Malcata que em 16 de Maio de 1971 faleceu por motivo de doença;
Soldado Silvestre que em 17 de Maio de 1971 faleceu por motivo de acidente;
Soldado Vieira que em 6 de Dezembro de 1971 foi morto numa emboscada;
e, por fim, 
Soldado Barbosa que foi ferido na mesma emboscada, acabando por morrer no HM 241 em 17 de Dezembro de 1971.

Por eles diremos sempre PRESENTE.


Carlos Vinhal / Inácio Silva
Fonte: Companhia de Artilharia 2732 - História da Unidade 1970-1971-1972
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