sábado, 27 de dezembro de 2014

P51 - In Memoriam: Notícia do falecimento do nosso camarada Gardete Correia (1948-2014), o Furriel Correia do 3.º Pelotão da CART 2732

Em contacto telefónico de há momentos, o camarada Reis Pedro deu-me a triste notícia do falecimento, no passado dia 6 de Novembro, do Furriel Gardete Correia do 3.º Pelotão, que era comandado pelo Alferes Bento. Como se devem lembrar, faziam ainda parte deste Pelotão o Furriel Nunes e eu próprio.

À família enlutada endereçamos os nossos mais sentidos pêsames.

Em preito de homenagem publicam-se algumas fotos que lembram o nosso malogrado camarada Correia

Funchal - Madeira - 1970 - Na Fortificação do Palheiro Ferreira - Cabos Milicianos Nunes, Correia e Vinhal

Funchal - Madeira - GAG-2 - 07ABR70 - Junto Memorial, entretanto derrubado, que perpetuava as Unidades ali Mobilizadas para o Ultramar: Cabos Milicianos Nunes, Vinhal e Correia

Guiné - Mansabá - 02JUL70 - Junto a um obus: Fur Mil TRMS Lorenço, Fur Mil At Correia, Fur Mil Enf.º Marques e Fur Mil At Vinhal

Guiné - Mansabá - 13ABR71 - Dia de paródia. Em cima: Furs Mils Nunes e Correia; em baixo: Fur Mil Vinhal e Alf Mil Bento, todos do 3.º Pelotão/CART 2732

Guiné - Mansabá - Furs Mils Vinhal, Costa, Correia e Fonseca

Guiné - Mansabá - Uma equipa de futebol da CART 2732 - 3.º de pé, a partir da esquerda o ex-Fur Mil Correia

Arruda dos Vinhos, casa do nosso camarada e amigo Reis Pedro - 18JAN2009 - Gardete Correia (de frente) em conversa com o Dias (de costas), ex-Fur Mil Mec da CART 2732

Arruda dos Vinhos - 18JAN2009 - O nosso camarada Gardete Correia (à esquerda com camisola clara) em amena conversa com camaradas que seguramente não via há muito anos.

Arruda dos Vinhos - 19JAN2009 - I Convívio da CART 2732 organizado no Continente - Foto de Família. 
Gardete Correia, na fila da frente, entre o ex-1.º Cabo Ap. Metralhadora Inácio Silva e o ex-Fur Mil Fonseca
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Carlos Vinhal
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sábado, 2 de agosto de 2014

P50 - Texto publicado no Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

MEMÓRIAS DE MANSABÁ

NO DIA EM QUE MORRI

Carlos Vinhal

Domingo. Para fazer algo de diferente, sempre o que as actividades operacionais permitissem, era dia de vestir à civil, jogar ténis de mesa pela manhã e após o almoço dar um pequeno passeio pela tabanca. Às vezes até se batiam umas chapas para mandar à família e mostrar que a guerra não era aquilo que se dizia. Então não se via nas fotos?!

O pessoal da tabanca, acho que também se tinha adaptado aos nossos hábitos. As pessoas corriam em menor número à enfermaria civil e militar, e as nossas lavadeiras não entregavam roupa lavada. A população, pela manhã, assistia com respeito ao hastear da Bandeira Nacional em frente ao Posto Administrativo, cerimónia que só acontecia ao domingo. Os homens conversavam ou deambulavam pela tabanca ouvindo música ou os relatos de futebol da Metrópole, em alto som, como era hábito, naqueles portáteis enormes por vezes carregados ao ombro.

Depois de um almoço melhorado, bem regado com uma cervejinha geladinha, tomado o digestivo, normalmente um VAT 69 ou um White Horse, como era hábito lá fomos arejar o fato domingueiro.

Tínhamos aprendido na Doutrina que o domingo era dia do Senhor, dia de descanso, dia de paz e amor.
As diversas actividades quotidianas nem sempre permitiam o contacto directo com a população. Dois dedos de conversa aqui, um piropo a uma bajuda ali, por que não até uma inocente foto com algumas delas, e assim se ocupava algum tempo. 

 Interior do quartel de Mansabá, 28 de Novembro de 1971 - O Fur Mil Mec Auto Dias e eu

Naquele domingo, regressava o grupo já em direcção à porta de armas, ainda em plena avenida de acesso ao quartel, quem vinha de Cutia, quando rebenta um fogachal enorme.
O quartel estava a ser atacado em pleno dia, o que era extremamente raro.

Armas pesadas e ligeiras pareciam instaladas junto ao arame farpado, quando não, já do lado de dentro.
Começámos a correr o mais que podíamos em direcção aos nossos aposentos para nos armarmos e ocuparmos os nossos postos ou pura e simplesmente irmos para o abrigo mais próximo.
Lembro-me que ultrapassei a porta de armas, antecedido por uns quantos camaradas e, quando a escassos vinte metros da porta do meu quarto, situado precisamente no enfiamento da entrada do quartel, sinto um impacto violento nas costas.

Caio de bruços, curiosamente sem dores. Acho que se apaga uma luz ao mesmo tempo que sinto uma paz como nunca tinha sentido.

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O quarto dos pesadelos

Sobressaltado, dou um pulo na cama e desperto.
Não era domingo, não era de dia, nem felizmente o quartel estava a ser assaltado.
Tento na escuridão verificar que o meu camarada Dias não se tenha apercebido do meu pesadelo. O silêncio reinava no quarto. Ainda bem.

Lá fora, na noite escura e misteriosa, alguns dos meus camaradas velavam pela nossa relativa segurança. Bem hajam.
Esperei acordado pelo romper do dia já que não mais consegui adormecer.

Carlos Vinhal, 
ex-Fur Mil Art MA, 
CART 2732, 
Mansabá, 1970/72

sexta-feira, 11 de julho de 2014

P49 - Notícias dos nossos camaradas (6): Francisco Silveira Rebelo, ex-Soldado TRMS que mora no Montijo.

Foi publicado no Correio da Manhã do dia 15 de Junho um depoimento do nosso camarada da CART 2732, Francisco Silveira Rebelo, na rubrica "a minha guerra".

A propósito desta publicação, recebi no dia 6 de Julho uma mensagem de um amigo que fez a recruta com o Rebelo, que se transcreve:

Bom dia amigo Carlos.
Ao pesquisar este amigo Francisco Silveira Rebelo, fui descobrir no seu blogue que prestou serviço militar na companhia de artilharia 2732.
Este meu email é para lhe pedir se me consegue dar o contacto do Francisco Silveira Rebelo, na qual estive a fazer a recruta com ele em 1969 em Beja e nunca mais mais encontrei alguém que estivesse comigo na tropa, e como vi há duas semanas o artigo na página da revista do correio da manhã ao domingo, gostaria de ter algum contacto com alguém.
Obrigado e aguardo

Um abraço
Carlos Costa

Como desconhecia qualquer contacto do Rebelo, resolvi recorrer ao "1820" na tentativa de o localizar.
Foi tiro e queda. Passados minutos entrava em contacto com este nosso camarada, que mora no Montijo, relembramos muitos momentos, bons e maus, lembramos camaradas, mortos e vivos, falamos das voltas da vida e, sem darmos conta, já tinham passado longos minutos.

Se bem se lembram, o Francisco Silveira Rebelo era um dos nossos camaradas das Transmissões que nos acompanhavam em todas as patrulhas e operações. Ele está na foto, à direita, "ameaçado" pelo seu companheiro de pose.

Francisco Silveira Rebelo, na foto à direita

A quem o quiser contactar basta pedir-me os seus números de telefone.

Carlos Vinhal

quarta-feira, 25 de junho de 2014

P48 - Nascimento do bisneto do nosso Alferes Couto, CMDT do 4.º Pelotão, vítima de uma mina IN no dia 6 de Outubro de 1970


A neta e o bisneto do nosso Alferes Couto

Foi com alguma emoção que recebemos, e lemos, uma mensagem da nossa amiga Custódia Couto, neta do nosso Alferes Couto, a comunicar a boa-nova de que tinha sido mãe.
Assim sendo, o nosso malogrado camarada Couto estaria agora a festejar a sua condição de bisavô não fosse aquele malfadado dia 6 de Outubro que jamais esqueceremos.

Apesar das circunstâncias, daqui enviamos as nossas felicitações à bisavó Zé pelo nascimento do Fábio.

Aos babados papás desejamos muitas felicidades e força para levarem por diante a tarefa, que desempenharão com alegria, de fazerem do filhote um cidadão digno que honre a memória dos seus antepassados, entre os quais o seu bisavô José Armando Couto e a sua avó materna, ambos infelizmente desaparecidos muito precocemente.

Ao pequeno Fábio, toda a CART 2732 envia os seus votos de uma vida repleta de venturas.