sábado, 20 de julho de 2019

P66 - O "Estatuto do antigo Combatente - Governo às turras com antigos combatentes (João Gouveia, ex-1.º Cabo At Art da CART 2732)



Governo às turras com antigos combatentes

Se ainda há quem tenha dúvidas sobre o desprezo que os sucessivos governos da República têm dado aos ex-combatentes, acabámos de ser confrontados com mais uma abrupta e aberrante decisão que levamos ao conhecimento de todos os colegas que foram obrigados a ir para a guerra, em defesa da Pátria.

O Governo tomou, ontem (17 de julho de 2019), a decisão de suspender a proposta de lei sobre o estatuto do antigo combatente que tinha sido aprovada, pelo mesmo Governo, a 11 de Abril deste ano. Na altura, com base nas informações que tínhamos, pusemos sérias dúvidas sobre a citada proposta de lei que o Governo se apressou a divulgar nos mass media com toda a pompa. Agora que suspende a dita proposta de lei a notícia é dada em letras pequenas e quase invisíveis.

Mas o mais caricato é a justificação que o Governo dá, por intermédio do ministro da Defesa, para a suspensão do que tinha aprovado há cerca de quatro meses. O Governo anula a proposta de lei sobre o estatuto do antigo combatente, anteriormente aprovada, por ausência de “tempo útil” e de “viabilidade”.

Caímos em mais uma emboscada. O Governo anda às turras com os antigos combatentes. Não há o mínimo pingo de sangue de vergonha, brutal desconsideração, com avanços e recuos a todos os títulos inqualificáveis. Felizmente da nossa parte, não estamos à espera do governo (este, em letra minúscula) para viver, mas conhecemos antigos combatentes que têm necessidades.

Pátria e a Nação não fazem parte do vocabulário político actual, são menoridades para duvidosa democracia, para políticos e governantes metaforicamente ignorantes quanto à guerra travada em território hostil e frente a guerrilheiros (turras) que só pensavam em matar os jovens militares portugueses.

Não tenhamos ilusões, esta “retirada” da proposta de lei significa um nunca mais. Já passaram 45 anos do fim da guerra no ex-ultramar e a devida justiça não foi feita. Alimentar esperanças é iludir-se e ser traído por quem promete e não cumpre. Cada qual que tire as suas ilações. São muitas as emboscadas psicológicas e dossiers esquecidos nas gavetas do poder. Não brinquem com os Antigos Combatentes… tenham respeito por quem defendeu a Pátria. No mínimo!

João Godim
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