quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

P60 - O "Estatuto do Combatente" de volta à cena (João Gouveia, ex-1.º Cabo At Art da CART 2732)

Vista aérea do aquartelamento de Mansabá
Com a devida vénia ao Alf Mil Alfredo Montezuma do BCAÇ 2885


Mensagem do nosso camarada de armas João Gouveia  (ex-1.º Cabo da 2.ª Secção do 3.º Pelotão da nossa CART 2732) com data de 22 de Janeiro de 2019:

Porque a questão "estatuto do combatente" volta a ser citado, sem timing de aprovação e sem consulta prévia aos visados, envio um breve texto, um contributo pessoal, elaborado em função do que leio e contactos que vou estabelecendo. 
Um estatuto que já todos os governos prometeram e pouco ou nada fizeram. 

Abraço e Bom Ano
João Godim

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"Estatuto do Combatente" de volta à cena 

Mais uma vez vem à baila o “Estatuto do Combatente”. Matéria que já tem longas barbas brancas. Nos últimos 40 anos, os sucessivos governos, parlamentares e chefes de Estado tomaram conhecimento deste “ingrato esquecimento” da Pátria. São inúmeras as reuniões, exposições, debates, grupos criados expressamente para elaborar um texto final. Milhares de horas de trabalho (!). 

Uma matéria com centenas de “metros” de prosa, dossiers e conclusões... inconclusivas que começou a ser escrita logo após o 25 de abril de 1974. Estamos no início do ano (com três actos eleitorais) e o actual ministro da defesa anuncia que “o governo está a preparar um diploma para consagrar o estatuto do combatente”. Como prometer não custa, o anúncio é feito com pouca convicção, o que nos deixa na desconfiança. 

Os ex-Combatentes estão esquecidos, desconsiderados, colocados no rodapé das prioridades do governo, como se não tivessem lutado pela Pátria, feridos e “abatidos” por inimigos de um Portugal ditatorial. Os combatentes portugueses foram obrigados a ir para a guerra, desde a I Grande Guerra, e nunca foram reconhecidos. 

Os governantes revelam não valorizar o passado mas o presente e sobretudo o futuro muito próximo. Sabem que estão de passagem, que o voto é que conta e que a guerra não entra no cenário eleitoral. 

“Estatuto do Combatente” é uma promessa simpática, neutra e positiva, mais pataco menos pataco, mas não tenham os ex-combatentes ilusões, a questão de fundo continuará pelos fundos dos descompromissos. 

Como dizia São Tomé “só ver, para crer”.

João Godim
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