domingo, 28 de abril de 2019

P64 - Na guerra da Guiné... sem tiros! (João Gouveia, ex-1.º Cabo At Art da CART 2732)

Viatura Unimog da CART 2732, destruída pelo fogo IN na emboscada de 06DEZ71 na zona de Mamboncó, na Estrada Mansoa/Mansabá

Na guerra da Guiné... sem tiros!

O cidadão português Otelo Saraiva de Carvalho, 82 anos de idade, coronel do exército reformado, assume-se como o estratega do 25 de abril de 1974 que derrubou o regime da ditadura. Assume-se e é reconhecido como tal pelos seus camaradas. De Otelo, natural de Moçambique, já muito se disse mas, sempre que fala da guerra e da revolução dos cravos, algo de novo é revelado com inusitada surpresa.

Decorridos 45 anos da revolução, Otelo é convidado pelo “Governo Sombra” da TVI e pela revista “Nova Gente” para recordar os tempos históricos então vividos na guerra e da estratégia que engendrou para derrubar a ditadura. Das comissões que fez na Guiné e em Angola declara que nunca disparou um tiro: ““nunca disparei a minha arma durante a guerra”; “sofri emboscadas, com tiros a passar-me por cima… nunca me deitei ao chão para disparar, levava muitas vezes a arma descarregada”…
Com tais afirmações, apanhou-nos de surpresa, a nós e a milhares de militares que combateram na guerra em África.
Como? Onde? O quê? Sofrer emboscadas e ficar de pé? Não ripostar quando o inimigo (turras) disparava a matar? Com a arma (G3) sem balas? Das duas, uma: ou nunca caiu numa emboscada a valer, daquelas que causam mortes, feridos e carros militares a arder, ou teve a sorte de refugiar-se no capim, atrás de um formigueiro, enquanto os seus camaradas enfrentavam o inimigo, ou nos bombardeamentos ao vulnerável quartel era rápido a refugiar-se num abrigo.

Se Otelo Saraiva de Carvalho participou na guerra na Guiné, mobilizado por imposição, tal como nós e de milhares de jovens, com a postura que agora revelou nas entrevistas aos mass media atrás referidos, teve a sorte que mais ninguém teve. Otelo não foi um combatente, não tem direito a ser considerado “antigo combatente”, sem nada de regozijo, porque, como diz, não combateu.

Da estratégia do 25 de abril, já entramos noutra guerra. O “inimigo” era um regime a cair de podre. Ouve coragem e mérito de todos os intervenientes. Já estamos ao lado de Otelo quando esperava por outro andamento da democracia que veio a ser aprisionada por ideologias e falsas promessas. Tem razão quando recorda o ataque soez de “Manuel Monteiro e Paulo Portas (CDS/PP)… “chamaram-me assassino”. É bom de ver, os dois políticos e muitos outros não teriam lugar na política sem o 25 de abril.

São alegorias de um militar que também esteve na Guiné. Sem balas e sem tiros.
Como em tudo na vida, há vilões e heróis.

João Godim
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domingo, 14 de abril de 2019

P63 - Encontro de 16 camaradas da CART 2732, no passado dia 31 de Março, em Linda-a-Velha (Inácio Silva)



No passado dia 31 de Março, realizou-se um encontro com a presença de 16 camaradas da nossa Companhia, no Restaurante AQUARIUS, propriedade do nosso camarada Américo Bento e a convite deste. Da Ilha da Madeira, registou-se a presença do Ornelas e do Alfredo Gouveia.

Neste encontro, alguns camaradas fizeram-se acompanhar dos respectivos familiares, tendo contribuído para aumentar o número de "efectivos".

Mais uma vez, este evento foi da iniciativa do Malhão e do Pedro, que desenvolveram as convocatórias, através de telefonemas para todos os camaradas, cujos contactos são conhecidos.

O Ribeiro, que foi alferes de transmissões no COP6, teve a louvável iniciativa de colocar os nomes dos camaradas presentes numa fotografia do quartel de Mansabá, anexa a este post, tendo feito a entrega de um exemplar a cada um dos presentes.

Neste encontro, também nasceu a iniciativa de registar em ficheiro magnético, para já no computador do Ribeiro, os contactos de todos nós, telefónicos e de e-mail, devendo ser este último o meio pelo qual se privilegiará as convocatórias para futuros encontros.

O inesperado, reservado para o final, foi o facto do Américo Bento declarar que a conta do almoço seria por sua conta, o que nos deixou surpreendidos. Pelo simpático e amistoso gesto, deixamos-lhe os nossos sinceros agradecimentos.

Ficam, aqui, algumas fotos. No entanto, sabendo que outros camaradas também obtiveram imagens do encontro, solicita-se que as enviem para o endereço do blogue, cart2732@gmail.com, para que sejam apensas a este post.

13-04-2019
Inácio Silva

 Em primeiro plano, à esquerda Francisco Fonseca e à direita, Ismael Santos

 À esquerda a Isabel acompanhada pela Amélia, esposas respectivamente do Ornelas e do Inácio


 Inácio e Ornelas



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sábado, 13 de abril de 2019

P62 - O "Estatuto e o Cartão dos antigos Combatentes (João Gouveia, ex-1.º Cabo At Art da CART 2732)

Antigos Combatentes a desfilar
Foto: Dina Vinhal


Cartão para os antigos combatentes


O governo aprovou, ontem, (11 de abril de 2019), o “Estatuto de Antigo Combatente”. 
O termo é enternecedor e digno de figurar nos feitos benevolentes do governo de Portugal, algo que nem todos os países fazem. Para o cidadão comum a aprovação de um estatuto desta natureza vem trazer benefícios para os que foram obrigados a marchar para a guerra da morte e da sobrevivência.

Li nos jornais que “este reconhecimento do Estado dá direito a um cartão especial para os militares que combateram na defesa de Portugal”. Meças de elogios e de gratidão. Um cartão para quê? Com que benefícios? Apoio aos ex-combatentes em que áreas? Não é explicitamente referido, como, onde, em que circunstancias? Nem como obter o dito cartão.

No meio da verdade-duvidosa, talvez para não embandeirar em arco um cartão que pouca representará, diz-se que este estatuto visa apoiar “ os antigos combatentes que se encontram em situação de sem-abrigo, a precisar de apoio económico e social”. Estamos esclarecidos.

Muito obrigado senhor governo. Meia volta volver. Algo muito parecido fez o ex-ministro da defesa do governo PSD-CDS/PP, Paulo Portas, quando do alto da sua cátedra anunciou a atribuição de uns míseros abonos financeiros aos ex-combatentes. O povo gostou do anúncio, os cêntimos anuais nem dá para matar a fome. 

Certo é o “Dia do Combatente” passar a ser assinalado a 11 de novembro, momento para chorosas e empolgantes alocuções.

João Godim
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