1. No passado dia 14 de Julho recebemos esta mensagem da jovem Custódia Couto:
Boa Noite,
O meu nome é Custódia Couto, tenho 26 anos e sou neta do José Armando Santos do Couto.
Como devem calcular, nunca tive oportunidade de conhecer o meu Avô, tal como ele também não teve a possibilidade de conseguir conhecer a última filha dele, que só a viu por fotografia.
Em tempos, eu fiz um trabalho para a escola acerca do meu Avô que me valeu uma óptima nota. Hoje por um devaneio de pesquisas, decidi pôr o nome dele no Google a ver se existiam mais documentos acerca dele na altura em que faleceu e por acaso dei com o vosso blog que me deixou muito emocionada e Feliz.
Posso tentar arranjar-vos uma fotografia do meu Avô para que vocês consigam completar a informação que colocaram dele no blog. Como neta e orgulhosa tanto do meu Avô como da minha Avó, terei muito gosto em vos ajudar.
Para a minha Avó que ainda é viva, saber de uma coisa destas é deixá-la muito Feliz pois sempre teve o meu Avó Zé como um exemplo.
Da união tiveram 4 filhos, a minha Mãe (que infelizmente faleceu este ano vitima de AVC com 47 anos) mais os meus 3 tios, a última fez este ano 41 anos, o mesmo tempo que tem o meu avô de falecimento (comprova-vos que não estou a mentir acerca do parentesco).
Aguardo noticias da vossa parte.
Com os melhores cumprimentos me despeço,
Custódia Couto.
2. Enviei esta mensagem resposta à nossa amiga Custódia:
Cara amiguinha Custódia
Que prazer enorme saber notícias da família do meu camarada Alferes Couto.
Ainda bem que nos escreveu porque não há uma foto do seu avô nos nossos arquivos. Tudo o que tiver dele mande-nos digitalizado para publicarmos no nosso Blogue. Eu sou editor de outro blogue de ex-combatentes da Guiné onde terei o maior prazer de lembrar a memória de seu avô, uma pessoa excepcional, sem o mínimo de jeito para as burocracias militares. Dava-se com toda a gente e não distinguia um soldado de um oficial.
Fizemos os dois a Especialidade na Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas, ele como oficial e eu como sargento. Quis o acaso que fôssemos os dois para o Curso de Minas e Armadilhas na Escola Prática de Engenharia em Tancos e fomos ambos para a Madeira dar instrução e mais tarde irmos na mesma Companhia para a Guiné. Ele era o Comandante do 4.º Pelotão e eu um dos Furriéis do 3.º
O destino foi cruel para ele porque o vitimou com uma mina, e eu que o substituí nas suas funções após a sua morte, nunca esqueci o que lhe aconteceu e tive sempre o máximo cuidado.
Apesar de tudo, por duas vezes, uma das quais momentos depois de ele falecer, me ia acontecendo também um percalço.
Para já fico por aqui, pois não sei até que ponto a avó conseguiu ultrapassar a morte do marido.
Não me lembrava do número de filhos que tinham, pensava serem só dois. A sua mãe faleceu muito nova infelizmente, o que somado ao passado deve ter deixado marcas profundas na sua avó. Se bem me lembro ela era funcionária dos Correios. Ou estou a inventar? Já lá vão muitos anos, mas a imagem do Alferes Couto está bem nítida na minha memória.
[...]
Espero as fotos do avô e as suas próximas impressões.
Desculpe não ter respondido mais cedo.
Muito obrigado pelo seu contacto.
Receba um beijinho deste velho(te) companheiro de seu avô.
À senhora sua avó diga que o marido era querido pelos seus militares e que todos sentimos a sua ausência. Não são palavras de circunstância porque a esta distância dos acontecimentos, não têm razão de o ser.
Carlos Vinhal
Ex-Fur Mil da CART 2732
Guiné 1970/72
3. E obtive esta resposta:
Caro Carlos,
Fiquei muito contente de receber noticias suas pois pensei que não tinham recebido o meu e-mail.
É com muito orgulho que vou tentar fornecer tudo o que exista de fotografias para vos poder enviar do meu Avô.
Eu não tive oportunidade de o conhecer em pessoa, mas a minha Avó sempre fez muita questão de nos fazer respeitar todos os valores que o meu Avô um dia deixou na casa dele em Queluz, onde fui criada com muita educação.
A minha Avó, neste momento, encontra-se num misto de emoções, entre a tristeza e a alegria... a perda e o reencontro! Está fraca pela minha Mãe, mas quando lhe disse que o Marido até já tinha sido homenageado após os 40 anos da sua morte, vi-lhe um belo sorriso nos lábios que me deixou ainda mais orgulhosa. Porque se alguém tinha Orgulho do meu Avô Zé, esse alguém sempre foi a minha Avó Zé (Zé também por ser nome de baptismo dela.).
Tenho todo o gosto em tentar enviar-lhe o melhor e por isso vou tentar ser o mais breve possível.
Muito Obrigada pela sua resposta e Muito Obrigada por ter tido o prazer de estar com o meu Avô.
Com todo o respeito me despeço, um beijinho e um abraço,
Custódia Couto.
4. Entretanto recebemos esta mensagem sugestiva do nosso camarada Juvenal Pereira
Razão tem quem diz que a vida, afinal, nunca acaba. É extraordinário o facto de passarem 40 anos sobre a sua morte e alguém - concretamente a sua neta - "ressuscitar" o seu avô, o nosso querido e saudoso Alferes Couto, cujas virtudes não vale a pena aqui pormenorizar, pois o meu amigo Carlos Vinhal já o relatou à neta Custódia com toda a clareza e veracidade.
Se levarmos por diante a iniciativa de para o ano (2012) comemorarmos na Madeira o 40º aniversário do regresso da Companhia 2732, com a presença do maior numero de militares de então (madeirenses e continentais e respectivas famílias) a exemplo do que foi feito o ano passado comemorando a data da partida, muito gostaríamos de contar com a presença da esposa, desta neta ou mais familiares, aqui no Funchal, para que, infelizmente a titulo póstumo, pudéssemos prestar uma singela, mas sincera homenagem, ao homem e militar que foi o Alferes Couto.
Se o meu amigo puder fazer chegar este "convite-sugestão" à "nossa amiguinha" Custódia Couto seria muito bom... se bem que o momento seja particularmente difícil para esta jovem que acaba de perder a mãe prematuramente, a cuja dor me associo, endereçando os meus mais profundos sentimentos de pesar.
Um abraço.
Juvenal Pereira
Corroboro, na íntegra, o comentário do meu conterrâneo e ex-camarada de armas, Juvenal Pereira, a quem saúdo, com um forte abraço.
ResponderEliminarA Custódia Couto, neta do nosso ex-companheiro de armas, fez muito bem em ter entrado em contacto connosco, através do nosso blogue, para saber mais notícias sobre o seu famigerado avô. Foi para isso, também, que o blogue foi criado, em boa hora.
Os anos passam mas a nossa memória mantém vivos aqueles momentos de impotência e de dor perante a morte de um nosso camarada. A consternação foi, ainda, maior, por sabermos que o alf. Couto era casado e pai de filhos.
À Custódia Couto, que se viu prematuramente órfã de mãe, envio os meus cumprimentos e a minha solidariedade perante tão desditoso acontecimento.
Espero que a vida lhe sorria e que os seus entes queridos a iluminem pela vida fora.
As minhas saudações para si, extensivas à sua avó.